sexta-feira, 8 de abril de 2011

Você não precisa ser freak para ser interessante

Eu estou longe de ser uma referência na propaganda para quem quer que seja. Disso eu tenho plena consciência. Ainda sou daquelas que acreditam que a propaganda não tem uma resposta final. Que não tem uma solução. Que um publicitário pode ser realmente muito, muito bom, mas isso não dá a ele o cargo de deus de tudo que envolve propaganda.

Um diretor de criação pode ser incrível para avaliar ideias, mas não entender nada de relacionamento com o cliente. Assim como uma redatora pode fazer interações exemplares com o cliente no Twitter, mas isso não faz dela uma expert em mídias sociais. Tudo é relativo e nós somos limitados. Mas o grande impulso disso tudo é continuar aprendendo. Até porque eu nunca vou saber tudo o que quero. Nem acertar em todas as campanhas. Mas eu vou continuar aprendendo. Uma, sete ou trezentas e quatro vezes. E com outras pessoas que têm a mesma gana. 

Mas pra que isso tudo, Lorena?

Porque não dá pra gente ficar parado achando que já sabe tudo. Eu saí de Belém, fui pra São Paulo e agora tô na Espanha fazendo um curso de criação para novos formatos. E ainda assim continuo longe de ser referência. Aqui eu estou tendo a oportunidade de rever todos aqueles conceitos que pra mim eram verdade absoluta. Believe me, não são. Muitas coisas que aprendi na faculdade há 8 anos, hoje são relativas ou defasadas, porque a propaganda está mudando consideravelmente. As pessoas, os trabalhos, a Geisy Arruda, o mundo!

E aí, dá pra ficar estático achando que essa realidade está longe de chegar até você? Que tudo vai bem? Of course que not. Ou pra você o seu emprego está perfeitamente bom como está? A sua agência? Seus clientes? 

Também não defendo que todo mundo deveria sair de Belém e correr para as montanhas, pelamordegod. Mas sim que, se realmente é importante o que você faz, se você é tão apaixonado por propaganda como diz que é (ou mesmo que não seja, daqueles que não conseguem mais fazer outra coisa), aprenda algo novo sobre isso. Minimize a sua tela das mesmas referências e peça a um colega um link diferente. Abra a mente. Seria legal parar de reclamar que a propaganda paraense não funciona e fazer o mínimo gesto para mudar uma realidade tão dura. Aprenda algo novo. Por favor. Hoje, amanhã e semana que vem de novo. Porque isso não vai te fazer mal algum. Ao contrário, pode até mesmo te ajudar a conseguir um emprego, um cargo ou um projeto novo que você nem fazia ideia que poderia existir. Pode te fazer uma pessoa mais interessante.

Eu escolhi sair de Belém porque pra mim era o melhor a fazer. Mas posso voltar um dia. Quem sabe? Isso tudo é um percurso, né? Um longo percurso pra sempre fugir da ideia de que somos muito bons e que nos basta o que já sabemos.


6 comentários:

Anônimo disse...

Adorei ler!
Disse tudo em grande estilo!
Sorte na Espanha e no Mundo! E para todos os que compartilham o mesmo pensamento!
:)

Anônimo disse...

Isso tudo é relativo.

Anônimo disse...

Perfeito!!!!!

Anônimo disse...

Lorena, você já viu a palhaçada do 2º Prêmio Diário do Pará de Publicidade?

Quem concorre é quem vota! Isso mesmo: todos os jurados trabalham nas empresas que regularmente anunciam no jornal. Para você ver, entre os finalistas deste mês estão Banco da Amazônia e Leal Moreira - e há representantes das duas empresas no corpo de jurados.

Outra coisa: para concorrer, o anúncio deve ter pelo menos 1/4 de página. Ora, o objetivo é premiar as peças mais criativas ou as que rendem mais din-dim pro jornal? Criatividade independe de tamanho, tem anúncio 1col x 10cm mais criativo que os de página dupla.

São coisas que me fazem ter vergonha desta profissão! Gostaria de ler seus comentários a respeito.

Anônimo disse...

Lorena,

Concordo muito com o seu ponto de vista.

Mais mente aberta para aprender coisas novas todos os dias.

Menos preguiça, conformismo e reclamações.

Sucesso na Espanha. :)

Abraços,

Giorgie Guido

Anônimo disse...

Criatividade independe de tamanho, tem anúncio 1col x 10cm mais criativo que os de página dupla

E como é que você julga a criatividade? Quais são seus critérios? O que você acha relevante para que algo seja criativo?
Ao menos "ter 1/4 de página" é um parametro paupável.
Acho que criatividade não é JULGÁVEL. Impacto e Solução sim.

Quanto aos jurados, realmente, concordo com você: é um absurdo. É como alimentar a manutenção de estruturas (leia PANELINHAS) que estão aí.

E você se envergonha da sua profissão por MUITO pouco, vamos combinar.