quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Como eu dizia...

Continuação da cobertura do 3º Encontro de Redação Publicitária em Paraty.
Por Alexandre Helmut


Palestra 4

Hiran Castello Branco – Diretor da Giacometti Propaganda

Tema: Redação na era digital.

“Quem sabe, faz. Quem não sabe, ensina”. Com essa introdução, o palestrante se eximiu de uma maior exigência em relação aos meandros da redação digital. Para o discurso, procurou conversar com a equipe da sua agência que cuida do trabalho on-line. Mostrou humildade.

Segundo Hiran, apesar de não tão explícitas, são grandes as diferenças entre a redação normal e a redação específica para páginas de internet. A maior delas diz respeito à necessidade de promover uma relação mais estreita entre o texto e o layout da página, já que o grau de dispersão é muito grande neste tipo de mídia, onde só uma pequena parte dos usuários costuma passar da página inicial do site visitado.

Deixar o internauta interessado o tempo todo, desde o título até a última linha do texto no assunto é outra recomendação do palestrante. Para isso,é preciso a produção de tópicos com parágrafos ágeis, com no máximo 3 linhas e títulos curtos e instigantes, no estilo das manchetes de tablóides sensacionalistas.

Assisti à palestra até aí. Confesso que tava achando “powerpointiana” demais. Saí para tomar água e encontrei com o “D” da DPZ lá fora, de bobeira. Até então, as únicas lendas que havia tido contato na vida eram a Matinta- pereira, a do Boto e da Iara. Conversar, mesmo que rapidamente, com uma viva da propaganda brasileira, como o Dualibi, foi muito legal. Tirando o lado tiete, foi interessante ter contato com um senhor gentil e culto.

Descobri que ele tem um primo paraense, veio a Belém há muito tempo, se lembra do Museu Emilio Goeldi, se interessou pelo boom do curso de propaganda nas faculdades paraenses, se mostrou curioso em conhecer a Belém com seus novos atrativos turísticos e ainda conversamos sobre o tema da palestra que ele iria proferir em seguida, fazendo uma relação da obra de Monteiro Lobato com a redação publicitária.

Por outro lado, mostrei um “certo conhecimento de causa” sobre a trajetória de 40 anos da sua agência, o que o deixou, mesmo sem querer, envaidecido, já que eu parecia ter algum conhecimento de causa sobre a DPZ. Na verdade, não faltou assunto porque na véspera eu havia visto um vídeo e lido um anúncio que contava a grosso modo os 40 anos da agência. Golpe de sorte meu.

Em seguida, o seu “D” foi chamado para proferir sua palestra. Despedimos-nos, refiz o convite para visitar Belém. Ele disse que ia falar com seu primo paraense sobre o assunto. Voltei para o auditório junto com ele. Todo gabado.

Palestra 5

Roberto Duailibi – Presidente da DPZ

Tema: Monteiro Lobato, redator publicitário.

Para Duailibi, Monteiro Lobato foi um dos primeiros criativos brasileiros no sentido mais amplo e seu personagem Jeca Tatu, muito antes de ser criado o Garoto Bombril, o de maior longevidade em campanhas no país, pois continua existindo na memória coletiva até os dias de hoje. Monteiro Lobato não apenas escrevia, mas orientava também o ilustrador e o layout.

Melhor do que comentar, nesse caso é transcrever as palavras de Duailibi: “Numa época em que alguns diretores de arte, traídos pelo fascínio da tela brilhante de seus monitores, colocam o texto como mera decoração de seus anúncios, tornando-o quase ilegível, está na hora dos redatores assumirem novamente o seu papel e, mirando-se no exemplo de Monteiro Lobato, exigirem que ao texto seja dado destaque. Texto é escrito para ser lido! E é o texto que vende!”.

Além disso, o palestrante falou que todo publicitário precisa adotar uma causa, trabalhar voluntariamente para algum tipo de instituição. Por fim, doar uma parte de seu tempo e emprestar seu talento para ajudar quem precisa.

Além da palestra, Roberto Duailibi subiu ao palco para receber o prêmio Jeca Tatu, prêmio dado todo ano a uma personalidade da propaganda por ocasião do Encontro de Redatores de Paraty, e que homenageia os redatores que respeitam e cultivam a língua portuguesa.

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Sempre fui rato de congressos, seminários, palestras, cursos e afins. Penso que todos os dias se pode aumentar nosso HD colocando alguma coisa nova. Nem que seja aprender a nunca mais assistir à palestra de alguém que veio apenas para mostrar sacadinhas, lamentar que só tinha 1 milhão para a produção de um certo vt e mostrar rolo de comerciais, como várias vezes já aconteceu em Belém. E quanto mais participo desse tipo de evento, mais me convenço de que é nos bastidores que a coisa realmente vale a pena.

A troca de idéias e experiências com os colegas, o bate-papo nos coffee breaks e principalmente a conversa informal no intervalo (ou depois) da explanação dos palestrantes são bem mais interessantes. São quando eles se soltam e saem dos discursos ensaiados e dão um pé na bunda nas apresentações pré-formatadas de power point. A conversa com o “D” da DPZ foi um exemplo disso.

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